Por Yanki Tauber
“Vejam, coloquei diante de vocês bênção e maldição.”
Assim se inicia a leitura dessa semana da Torá, Reê (Livro judaico Devarim [Deuteronômio] 11:26-16:17), quando Moshê reitera, uma vez mais a doutrina do Livre Arbítrio. Liberdade de escolha. Sem isso, Maimônides nos lembra, a devoção é sem sentido, a moralidade um não-conceito, a Torá supérflua.
De fato, não somente nos foi concedido um livre arbítrio entre o bem e o mal, mas também a opção de em qual nível fazer esta escolha. Uma escolha de escolhas, se me permite.
a – Há o bem e há o mal. Bênção e maldição, luz e trevas. D'us criou ambos (veja no livro judaico Ieshaiáhu [Isaías] 45:7). Escolhemos qual dos dois, ou qual combinação a partir deles, irá definir a nossa existência.
b – Na verdade, há apenas o bem. D'us é a fonte de toda realidade; e como D'us é a essência do bem, somente o bem é real. Assim como não há uma coisa como a escuridão – somente luz ou sua ausência (que chamamos “escuridão”) – assim também, há somente bem ou sua ausência. Ou em vez disso – como nenhum local é vazio de Sua presença – bem ou sua ocultação. Portanto, a opção entre bem e mal não é uma escolha entre duas realidades, mas uma escolha entre ser e não-ser, entre realidade e ilusão.
c – Como “escolha”, por definição, é a afirmação livre e desimpedida da vontade; e como a vontade intrínseca da alma humana é pela vida e bem-estar; a única escolha verdadeira que pode haver é a escolha do bem. Porém, nos foi concedida a liberdade de escolha, o que significa que podemos escolher não escolher; aquilo que chamamos “liberdade de escolha” é na verdade a escolha de exercer a opção ou de renunciar à escolha. Quando afirmamos nossa verdadeira vontade – quando escolhemos – invariavelmente optamos pelo bem.
Qual é então – a, b ou c? Isso é com você. Este é o verdadeiro significado de “livre arbítrio”: não que você possa meramente escolher entre duas ou mais opções apresentadas a você por uma autoridade superior, mas que é você que determina o nível de realidade na qual sua vida consciente se desdobra. É você que determina a distância entre sua vida e sua Fonte, e assim a forma pela qual o “Livre Arbítrio” entra em sua experiência.
Faça sua escolha.
POR YANKI TAUBER
Yanki Tauber é editor de conteúdo de Chabad.org.