O “novo testamento” aplica "Hoshea [Oséias] 11:1 ao menino Jesus, em sua fuga para o Egito, apresentada apenas no Evangelho de Mateus como uma determinação dada por meio de um anjo, em sonho, a José (Mateus 2:13-15). Segundo a narrativa, D-us não teria encontrado outro meio para salvar o "Seu Filho", senão pela violação de Sua Torah, na qual o Eterno determina que, entre os deveres de um rei judeu, está a proibição de fazer o povo retornar ao Egito, porque a Mitzvah é clara: "Nunca mais deveis retornar por este caminho" (Devarim [Deuteronômio] 17:16). A invenção de uma ida dos pais de Jesus ao Egito, para ficar-se numa análise mais benévola, não poderia jamais acontecer, diante da ameaça do Profeta Yieshayahu (Isaías): "Ai dos que descem ao Egito em busca de socorro... os que não atentam para o Santo de Israel, nem buscam ao Eterno" (Yieshayahu 31:1; ver 30:1, 2). Na verdade, a Torah considera a ida ao Egito em busca de socorro como um dos mais graves pecados contra o D-us de Israel (Devarim [Dt] 28:68), uma verdadeira negação da Primeira Pronunciação: "Eu sou o Eterno, teu D-us, que te fiz sair da Terra do Egito, da casa dos escravos" (Shemot [Êxodo] 20:2). Ir ao Egito, portanto, é uma traição ao Deus Libertador! Todavia, por mais incrível que possa parecer, esse ensino de aberrações terríveis, do ponto de vista da Torah, encontrou respaldo em outro exercício de fraude impensável: estava prevista essa ida ao Egito! Para isso, lemos em Mateus 2:14, 15 que José "levantou-se, tomou de noite o menino e sua mãe, e partiu para o Egito, e lá ficou até à morte de Herodes, para que se cumprisse o que fora dito pelo Senhor, por intermédio de seu profeta: 'Do Egito chamei o meu filho.'" Como sabido, essa citação refere-se a este texto de Hoshea [Os] 11:1: "Quando Israel era menino, Eu o amei; e do Egito chamei o meu filho." Esse texto sagrado, no entanto, nada tem a ver com a trama neo-testamentária, por simples razão: reporta-se à libertação de Israel do Egito, e não a uma futura ida de algum judeu para lá, algo proibido logo no verso 5, como também em vários outros textos do mesmo Profeta (Hoshea [Os] 7:16; 8:13 e 9:3). No texto citado, o Eterno está recordando o que já fez por Israel no passado e não o que Ele faria no futuro, pois o inteiro cenário tratado quanto a uma ida a Mitzrayim é sempre no contexto de castigo, pela rebeldia e pela violação da Torah (Devarim [Dt] 28:68). Pena que Mateus, sendo judeu, se realmente era, não viu nada disso, e deturpou a Torah para fundamentar a ida do menino Jesus ao Egito – um lugar proibido, para buscar refúgio e, com essa desobediência, livrar-se de Herodes, que viria a falecer mais tarde."
"Uma outra questão... tem a ver com a virgindade de Maria, quando do nascimento de Jesus Nazareno. Uma das invenções mais grosseiras do "Novo Testamento", de fato, consiste no ensino do nascimento virginal de Jesus, pois apresenta como erro do Criador a normal faculdade da geração e concepção de filhos, como escreveu Tomás de Aquino, considerado um dos baluartes do cristianismo, "doutor da igreja": 'D-us deveria ter encontrado uma maneira menos imunda para a procriação'. Essa rejeição da primeira de todas as Mitzvot da Torah, a da procriação (Bereshit [Gênesis] 1:28), pelo cristianismo, ao forjar o ensino de que Maria, mãe de Jesus, continuou sendo virgem após o parto, emprestou uma inexistente pecaminosidade ao sexo, como é crença generalizada na igreja, que proíbe o casamento de clérigos, exige o celibato de homens e mulheres que quiserem viver uma vida de maior santidade, desvirtuando, assim, a santidade do Matrimônio e o prazer sagrado que vem das relações sexuais (Mishley [Provérbios] 5:15-21). Como sempre ocorre, para fundamentar-se, a Falsidade precisa de um pouco de Verdade. Assim, nada mais "inteligente" do que construir a teologia da virgindade a partir de um texto mal aplicado do Tanach – e esse texto é o do Profeta Yieshayahu [Isaías] 7:14, que reza: "Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel" (Tradução de Almeida). A começar pelo fato de não constar no texto a palavra "virgem" (em hebraico: Betulah), mas Almah, que significa uma jovenzinha que ainda não menstruou. ...[A] igreja..., à semelhança das religiões do Egito, Índia, Pérsia etc., cujos avatares nasceram de virgens – Osíris, Krishna e Mitra – também [quis] apresentar ao mundo o seu deus (Jesus) como nascido de uma virgem. ... Essa falsidade não é exclusiva dos cristãos, porém é mais antiga do que sua fé. Entretanto, a única coisa que os cristãos não fizeram, para perceber a fragilidade dessa tremenda falsidade, foi ler o capítulo sete de Isaías todo ... [Ainda temos a questão do] tempo de cumprimento da própria profecia sobre o nascimento de Emanuel, como sinal Divino. Os cristãos tomaram o bonde errado, ao presumir que poderiam levar a profecia de Isaías 7:14 para sete séculos depois, uma vez que o Eterno fixara, por Seu santo Profeta Isaías o tempo preciso do cumprimento dessa profecia, que era de apenas até treze anos, ou seja, o tempo em que o menino faria seu Bar Mitzvah. Basta ler: "Portanto, o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho e lhe chamará Emanuel. Ele comerá manteiga e mel quando souber desprezar o mal e escolher o bem. Na verdade, ANTES que este menino saiba desprezar o mal e escolher o bem, será desamparada a terra ante cujos dois reis tu tremes de medo" (Isaías 7:14-16). Os dois reis – Rezim, da Síria, e Peca, de Efraim [Samária] – uniram-se para atacar Judá, mas o Eterno disse que isso não resultaria em nada, e deu o sinal do nascimento de Emanuel – um sinal para os dias de Acaz, enquanto Judá estava sob a ameaça desses dois aliados. Não há como estender esse sinal para os dias em que os romanos dominavam a terra inteira de Israel. A simples leitura do inteiro capítulo 7 de Isaías expõe a fraude dos cristãos e a estranha estória da "virgem Maria"."
− Professor Evilásio Araújo, de origem sefaradi (b'ney anussim), preside a sinagoga Beit Israel.
Ieshaiáhu (Isaías) 7:14
"Por isso, o próprio [ADONAI*] vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o chamará Deus Conosco."
− Bíblia online Editora Ave-Maria ( http://www.avemaria.com.br/biblia/29/ISAIAS/7 ).
"Eis pois que [ADONAI*], Ele mesmo, vos dará um sinal: eis que a moça grávida dará à luz um filho e o chamará Imanuel ('Deus está conosco')."
− Bíblia Hebraica, D. Gorodovits/ J. Fridlin, Editora & Livraria Sêfer.
"Por isso o próprio [ADONAI*] vos dará um sinal: Eis que a jovem mulher está grávida e dará à luz um filho, ao qual ela chamará de Emanuel."
− Bíblia Mensagem de Deus, Edições Loyola.
A Bíblia de Jerusalém, Paulus; Bíblia Sagrada Edição Pastoral, Paulus; e, Bíblia Sagrada Tradução na Linguagem de Hoje, Sociedade Bíblica do Brasil, traduzem semelhantemente.
Naturalmente qualquer tradução bíblica jesuânica/yeshuânica defende o dogma da concepção virginal de Jesus baseada no texto grego que usa a palavra virgem, mas mesmo assim, a nota da Bíblia Mensagem de Deus admite que "de modo imediato todo este oráculo se refere aos acontecimentos de 735 a.C. e ao seu horizonte próximo: a jovem mulher é a rainha esposa de Acás; a criança a nascer como sinal da proteção divina é o filho e futuro sucessor de Acás, o piedoso rei Ezequias; a idade de discernimento da criança coincide, efetivamente, com a destruição do reino de Damasco e a devastação do de Samaria em 732 a.C." A nota da Bíblia Sagrada Tradução na Linguagem de Hoje, Sociedade Bíblica do Brasil, 1988, admite corretamente que "a palavra hebraica ['almah'] aqui traduzida por 'jovem' não é o termo que quer dizer 'virgem' ['betulah'], porém se refere a uma jovem com idade para se casar, seja virgem ou não. O uso da palavra 'virgem' em Mateus 1.23 vem de uma tradução grega do Antigo Testamento, feita uns quinhentos anos depois do profeta Isaías."
Mais informações sobre Ieshaiáhu 7:14 e 9:5, 6, no tópico: